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ATL 2025: Governo e lideranças lançam Comissão Internacional Indígena para COP 30

Comissão será presidida pela ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, e contará com 16 integrantes — dois de organizações indígenas brasileiras e os demais de povos indígenas de outros países



O governo federal e lideranças indígenas anunciaram uma iniciativa para inclusão dos povos indígenas nos debates sobre o clima: a Comissão Internacional Indígena da COP 30. Lançada na quinta-feira (10), durante o quarto dia do Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília, a iniciativa integra o "Círculo de Povos", um dos quatro círculos temáticos criados pela presidência conferência de clima da ONU que acontecerá em Belém (PA), em novembro.

A Comissão será presidida pela ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, e contará com 16 integrantes — dois de organizações indígenas brasileiras e os demais representantes de povos indígenas de outros países. A proposta busca garantir espaço central para os povos originários nos processos de decisão da COP, reforçando o papel estratégico das Terras Indígenas como barreiras contra o desmatamento, mineração ilegal, monoculturas e outros fatores de degradação ambiental.


A presença indígena será representada por entidades como o Fórum Permanente da ONU para Questões Indígenas, o Caucus Indígena, a Aliança Global de Comunidades Territoriais, entre outros, incluindo organizações brasileiras como APIB, ANMIGA e COIAB — esta última, anfitriã indígena da COP na Amazônia.


Durante o anúncio, a ministra Sonia Guajajara destacou o “Programa Kuntari Katu: Líderes Indígenas na Política Global”, que selecionou 30 indígenas para um curso de capacitação voltado à atuação em fóruns internacionais. Além disso, adiantou o lançamento, na próxima semana, de uma mobilização nacional junto aos estados brasileiros para preparar a participação indígena na COP 30.

A primeira reunião oficial da Comissão ocorrerá ainda em abril, durante o Fórum Permanente da ONU, em Nova York. O objetivo é assegurar que as demandas indígenas estejam no centro das negociações climáticas — desde o credenciamento até a construção das agendas e ações oficiais.


Círculos temáticos


A COP 30 contará com quatro círculos temáticos principais: o dos Povos, o de Finanças, o de Ex-Presidentes das COPs e o do Balanço Ético Global — este último com a presença do presidente Lula, da ministra Marina Silva e de outras autoridades do governo. Todos terão interlocução direta com a presidência da Conferência, promovendo um modelo mais inclusivo e colaborativo.


Para a diretora executiva da COP 30 e secretária de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni, a criação do Círculo dos Povos simboliza uma virada de chave. “As portas da COP e do governo brasileiro estão absolutamente abertas para os indígenas. Queremos que esta seja a primeira COP em que os povos indígenas liderem a resposta à crise climática”, afirmou.


A ministra Marina Silva também reforçou o compromisso do Brasil com metas ambiciosas, como o desmatamento zero até 2030 e a redução de 67% das emissões de CO2, e destacou o papel transformador dos povos indígenas neste esforço.


Após a cerimônia, Sonia Guajajara e Marina Silva se juntaram à marcha “A Resposta Somos Nós”, organizada pelo ATL. A mobilização seguiu até o Supremo Tribunal Federal (STF) em protesto contra o marco temporal e a Comissão Especial que trata do tema no Congresso. Os protestos acabaram sendo repreendidos na noite de ontem de forma violenta pela polícia, que lançou spray de pimenta e gás lacrimogênio na multidão, atingido até a deputada federal Célia Xakriabá.


A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) repudiou a ação policial. Segundo a entidade, houve uso excessivo da força contra indígenas que realizavam um ato pacífico, resultando em dezenas de pessoas — incluindo crianças e idosos — precisando de atendimento médico após inalação de gás lacrimogêneo.


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